Ensaio Natalia e Guilherme
segunda-feira, 13 de junho de 2011
domingo, 12 de junho de 2011
Vai um crédito aí?
O mercado de fotografia sofreu uma grande mudança nos últimos dez anos com a tecnologia digital. Antes era uma mercado restrito, pouco acessível para quem queria entrar, equipamentos caros, uma distância maior entre profissionais e amadores e poucas opções de formação técnica. Hoje temos equipamentos bons com valores mais acessíveis, vários cursos de formação (se bem que alguns com de qualidade bem ruim), muitas revistas e livros voltadas para o ramo, também feiras e congressos.
Mas, se por um lado toda essa transformação foi muito boa para quem queria fazer boas fotos com bons equipamentos e linguagem profissional. Por outro lado parece que a foto em si perdeu o seu valor, já que “qualquer um” pode fazer. Explico melhor. Fotografia faz parte da história individual, familiar, social e essa história precisa ser preservada. E como as pessoas estão preservando suas imagens? Estão apenas deixando nos HDs, CDs entre outros meios de armazenamento. Poucos imprimem suas melhores fotos (muitos amigos fecharam seus labs ou migraram para outros segmentos). Os disquetes não existem mais, os CDs ou DVDs não são tão confiáveis, os HDs serão substituídos no futuro por memórias flash. Como nossos netos e bisnetos irão acessar nossas imagens?
Com o boom digital, e a oferta de equipamentos e “profissionais”, as empresas de comunicação e de propaganda seguiram a máxima capitalista, isto é, focar no lucro, no lucro e mais do que nunca no lucro. Para atingir seu objetivo cortaram custos. E o que tinha se tornado “mais fácil” de fazer e com mais “profissionais” fazendo? A fotografia. A publicidade, que tinha orçamentos astronômicos, passou a oferecer muito menos. Jornais e revistas demitiram muitos fotógrafos, passando a trabalhar com free lancers e bancos de imagens( na sua maioria internacionais), quando não extinguiram seus departamentos de fotografias. A fotografia de moda não acompanhou o crescimento do setor, no que diz respeito a lucros. Muitos fotógrafos migraram para o “patinho feio da fotografia”, a social. Foram fotografar casamentos juntos com uma legião de neo profissionais e aventureiros.
O resultado é um mercado que a cada dia paga menos, com muitos fotógrafos aceitando trabalharem quase de graça (ou totalmente), em troca de ter seu crédito em jornais/revistas ou seu nome veiculado a uma campanha publicitária. Para aprenderem a fotografar, aceitam fazer o casamento da prima, amiga, amiga da amiga, como se casamento fosse o momento de treinar. Para esses “profissionais” a carreira é curta. Não colocam na ponta do lápis que seu sustento sairá da fotografia. E para se manterem, terão que cobrar o justo. Que nem sempre querem pagar, pois tem sempre alguém que aceita fazer por bem menos.
Para relatar bem o momento tenho uma história interessante . Há três anos atrás, fui fazer uma foto em uma escola infantil. Uma garotinha, acho que tinha entre seis e sete anos, se aproximou e perguntou: Tio você é fotografo? Respondi que sim. Então ela sorriu e me disse: Eu também.
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